Predefinição:Info/Notação musical

A colcheia é uma figura rítmica da notação musical cuja duração equivale a um oitavo da semibreve. Em sistemas proporcionais modernos, duas colcheias equivalem à duração de uma semínima, quatro à mínima e oito à semibreve.[1]

É representada por uma cabeça de nota preenchida, haste e bandeirola. Quando agrupadas, duas ou mais colcheias são ligadas por barras, prática que se tornou padrão a partir do século XVIII.[2]

História

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A subdivisão equivalente à colcheia surgiu gradualmente na notação mensural. Os primeiros equivalentes aparecem na obra de Franco de Colônia (c. 1250), especialmente na distinção entre longa, brevis e semibrevis.[3]

No século XV, a fusa e a semifusa aparecem de forma sistemática em Tinctoris (1476), já com valor proporcional semelhante ao que mais tarde se consolidaria na colcheia moderna.[4]

Prosdocimus de Beldemandis (c. 1412) também descreve subdivisões menores que a minima, antecipando princípios que se tornariam essenciais no sistema proporcional moderno.[5]

A terminologia moderna foi estabilizada entre os séculos XVII e XVIII, com sistematizações de Zarlino (1558) e Rameau (1722).[6][7]

Notação e grafia

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  • Hastes para cima: notas abaixo da terceira linha da pauta.
  • Hastes para baixo: notas acima da terceira linha.
  • A bandeirola é sempre escrita à direita independentemente da orientação da haste.[1]

Variações gráficas históricas

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Período Representação típica Fonte
Século XV Miniatura de fusa com haste curta Tinctoris (1476)
Século XVII Cabeça ovalada, bandeirola curva Zarlino (1558)
Século XX Estilo tipográfico padronizado Stone (1980)

Agrupamento

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Agrupamentos seguem a métrica do compasso, não critérios arbitrários:

  • 2/4, 3/4, 4/4 → agrupamentos binários
  • 6/8, 9/8, 12/8 → agrupamentos ternários

Stone (1980) recomenda evitar barras excessivas e priorizar legibilidade.[2]

Exemplos LilyPond

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Exemplo de duas colcheias ligadas por barra:

 

Exemplo de colcheias em compasso composto:

 

Uso em diferentes estilos

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Música clássica

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A colcheia é a principal subdivisão em movimentos moderados e rápidos. Obras de Mozart e Haydn utilizam padrões de colcheias para sustentação harmônica.[8]

Pares de colcheias são executados com articulação de swing, frequentemente assimétrica.[9]

Música contemporânea

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Compositores como Ligeti e Carter utilizam colcheias em métricas irracionais e polirritmias complexas.[2]

Tradições não ocidentais

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Comparações com sistemas rítmicos da Índia, China e mundo árabe apresentam equivalentes funcionais à colcheia.[10]

Pausa de colcheia

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Representada por pequeno traço com gancho. Sua forma moderna aparece padronizada no fim do período barroco.[1]

Notas

Ver também

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Referências

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Referências

  1. a b c Gardner Read (1997). Music Notation: A Manual of Modern Practice 2ª ed. [S.l.]: Taplinger Publishing. pp. 93–100 
  2. a b c Kurt Stone (1980). Music Notation in the Twentieth Century. [S.l.]: W. W. Norton. pp. 39–48 
  3. Franco de Colônia (1971). Gilbert Reaney (ed.), ed. Ars cantus mensurabilis. [S.l.]: American Institute of Musicology 
  4. Johannes Tinctoris (1975). Albert Seay (ed.), ed. Complexus effectuum musices. [S.l.]: American Institute of Musicology 
  5. Prosdocimus de Beldemandis (1993). Jan Herlinger (ed.), ed. Tractatus musicae mensuralis. [S.l.]: University of Nebraska Press 
  6. Gioseffo Zarlino (1558). Le istitutioni harmoniche. Veneza: Francesco dei Franceschi 
  7. Jean-Philippe Rameau (1722). Traité de l’harmonie. Paris: Ballard 
  8. Stefan Kostka; Dorothy Payne (2020). Tonal Harmony 8ª ed. [S.l.]: McGraw-Hill. pp. 38–40 
  9. David Baker (1988). How to Play Bebop. [S.l.]: Alfred Publishing. pp. 14–18 
  10. Bruno Nettl (2005). The Study of Ethnomusicology. [S.l.]: University of Illinois Press. pp. 112–118