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Christiano Justus
Christiano Justus

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Agentes de IA sabem trabalhar em equipe? Com MCP e A2A, sim

Dois protocolos que estão facilitando a colaboração entre agentes e ferramentas de IA, sem precisar codificar tudo do zero

A Revolução da IA e a Necessidade de Interoperabilidade

A inteligência artificial está redefinindo a forma como interagimos com a tecnologia e conduzimos negócios. No centro dessa transformação, os agentes de IA emergem como peças-chave, capazes de automatizar tarefas complexas, processar informações e até mesmo colaborar entre si. No entanto, para que essa visão de um futuro "AI-First" se concretize, é fundamental que esses agentes possam se comunicar de forma fluida e eficiente, tanto com ferramentas externas quanto com outros agentes. É nesse cenário que dois protocolos inovadores ganham destaque: o Model Context Protocol (MCP) e o Agent-to-Agent Protocol (A2A).

Esses protocolos não são apenas avanços técnicos; eles representam um salto significativo na interoperabilidade e escalabilidade dos sistemas de IA. Ao padronizar a comunicação, MCP e A2A removem barreiras que antes limitavam a capacidade dos agentes de interagir com o mundo real e uns com os outros. Para líderes de tecnologia e profissionais da área, compreender o funcionamento e o impacto desses protocolos é essencial para construir as bases de uma infraestrutura de IA robusta e preparada para o futuro.

Neste artigo, vamos falar sobre o MCP e o A2A, suas funcionalidades, os desafios que superam e como eles se complementam para impulsionar a era da "AI-First". Abordaremos tanto os aspectos técnicos quanto as implicações estratégicas, buscando fornecer uma compreensão abrangente para todos, desde desenvolvedores a tomadores de decisão.

MCP e A2A

Model Context Protocol (MCP): A Ponte entre Agentes de IA e o Mundo Real

Imagine um agente de IA que precisa saber a previsão do tempo em Curitiba. Antes do MCP, o código desse agente precisaria ter informações específicas sobre a API do serviço de previsão do tempo: a URL, os cabeçalhos necessários, o formato do payload, etc. Se a API mudasse, a conexão seria quebrada, e o desenvolvedor teria que atualizar manualmente o código do agente. Em um mundo onde agentes interagem com inúmeras ferramentas, essa abordagem se torna insustentável e propensa a erros.

O Model Context Protocol (MCP), desenvolvido pela Anthropic, surge para resolver esse problema. Ele padroniza a comunicação entre o código do agente e as ferramentas externas (como APIs e bancos de dados locais), atuando como uma espécie de "adaptador universal" para LLMs. Pense no MCP como uma porta USB-C para aplicações de IA: assim como o USB-C permite conectar diversos periféricos a um dispositivo de forma padronizada, o MCP permite que modelos de IA se conectem a diferentes fontes de dados e ferramentas de maneira uniforme.

Como o MCP Funciona na Prática

A arquitetura do MCP é baseada em um modelo cliente-servidor. Um cliente MCP, que reside dentro do agente de IA, não se conecta diretamente à ferramenta. Em vez disso, ele se conecta a um servidor MCP. Os desenvolvedores de cada ferramenta são responsáveis por expor esse servidor MCP. A grande inovação aqui é a descoberta dinâmica:

  1. Descoberta de Capacidades: O cliente MCP pergunta ao servidor MCP: "O que você pode fazer?".
  2. Resposta Detalhada: O servidor MCP responde com uma descrição das capacidades da ferramenta, seus esquemas de entrada e saída, e outras informações relevantes.
  3. Registro e Invocação: O cliente MCP registra essas informações e, a partir daí, pode invocar a ferramenta através do servidor MCP.

Essa descoberta acontece em tempo de execução. Isso significa que, se os campos de entrada ou saída de uma ferramenta mudarem, o cliente MCP detectará essas alterações dinamicamente, sem a necessidade de atualizações manuais no código do agente. O servidor MCP, por sua vez, lida com a conexão real com a ferramenta, eliminando a necessidade de codificar URLs de API diretamente no código do agente.

Embora o MCP simplifique drasticamente a integração, os parâmetros de autenticação e autorização (como tokens ou chaves de acesso) ainda precisam ser passados para o servidor MCP. No entanto, a flexibilidade de executar o servidor MCP localmente ou na nuvem oferece controle e segurança adicionais.

Em resumo, o MCP transforma a maneira como os agentes de IA interagem com o mundo externo, tornando as integrações mais robustas, flexíveis e escaláveis. Ele é um pilar fundamental para a construção de sistemas de IA que podem se adaptar e evoluir em ambientes dinâmicos.

MCP Flow

Agent-to-Agent Protocol (A2A): A Colaboração entre Agentes de IA

Se o MCP resolve o desafio da comunicação entre um agente de IA e as ferramentas, o Agent-to-Agent Protocol (A2A) aborda uma questão igualmente crucial: como os agentes de IA se comunicam e colaboram entre si. Em um futuro onde sistemas multiagentes serão a norma, a capacidade de agentes de diferentes provedores e com diferentes propósitos interagirem de forma harmoniosa é essencial.

Antes do A2A, a comunicação entre agentes era semelhante à comunicação entre um agente e uma ferramenta: baseada em chamadas de API diretas. Isso significava que o Agente A precisava ter conhecimento prévio sobre o Agente B, incluindo sua URL de API, parâmetros de autenticação/autorização e como enviar tarefas ou prompts. Essa abordagem resultava em sistemas rígidos, difíceis de escalar e manter, com cada nova interação entre agentes exigindo uma integração personalizada.

O A2A, criado pelo Google, padroniza essa comunicação inter-agentes. Ele estabelece uma linguagem comum que permite que agentes de IA troquem informações e coordenem ações de forma segura e eficiente, independentemente da plataforma ou tecnologia subjacente. Isso abre caminho para cenários de colaboração complexos, onde agentes podem delegar tarefas, compartilhar informações e trabalhar juntos para atingir objetivos maiores.

Como o A2A Facilita a Interação entre Agentes

Assim como o MCP, o A2A utiliza um mecanismo de descoberta dinâmica para permitir que os agentes se entendam em tempo de execução. O processo funciona da seguinte forma:

  1. Cliente A2A: O Agente A, que deseja interagir com o Agente B, executa um cliente A2A.
  2. Servidor A2A: Este cliente se conecta a um servidor A2A executado pelo Agente B.
  3. Agent Card: O servidor A2A retorna um "Agent Card" para o Agente A. Este "Agent Card" é um documento JSON que contém informações essenciais sobre o Agente B, incluindo:
  • Suas capacidades (o que ele pode fazer).
  • A URL do seu endpoint.
  • Como enviar tarefas ou prompts para ele.
  • Como receber notificações sobre o status das tarefas.
  • Os mecanismos de autenticação e autorização necessários

Essa abordagem dinâmica elimina a necessidade de codificar informações de conexão e capacidades de forma rígida. Os agentes podem descobrir as funcionalidades uns dos outros em tempo real, tornando os sistemas multiagentes muito mais flexíveis e adaptáveis. É importante notar que, ao contrário do MCP, o A2A não inclui o esquema de payload neste momento, focando mais na descoberta de capacidades e mecanismos de interação.

O A2A é um passo crucial para a construção de ecossistemas de IA verdadeiramente interoperáveis, onde a colaboração entre agentes se torna tão natural quanto a interação entre diferentes softwares em um sistema operacional. Ele complementa o MCP, criando uma estrutura completa para a comunicação tanto com ferramentas externas quanto entre os próprios agentes.

MCP e A2A: A Sinergia para a AI-First

É fundamental entender que o MCP e o A2A não são concorrentes, mas sim protocolos complementares que trabalham em sinergia para construir sistemas de IA mais robustos e eficientes. O MCP foca na padronização da comunicação entre agentes de IA e ferramentas externas (APIs, bancos de dados), enquanto o A2A padroniza a comunicação entre os próprios agentes. Juntos, eles formam a espinha dorsal para a criação de ecossistemas de IA verdadeiramente interoperáveis e escaláveis.

Implicações para a Liderança AI-First

Adotar uma liderança "AI-First" vai muito além de simplesmente implementar copilotos ou automatizar tarefas repetitivas. Trata-se de projetar sistemas onde humanos e agentes autônomos colaboram de forma fluida e eficaz. Nesse contexto, a compreensão e a adoção de protocolos como MCP e A2A tornam-se decisões estratégicas cruciais:

  1. Orquestração em vez de Codificação Manual: Com o MCP, os agentes podem acessar ferramentas e dados sem a necessidade de integrações específicas e frágeis. Com o A2A, os agentes podem colaborar entre si, permitindo fluxos de trabalho mais dinâmicos e adaptáveis. Isso significa menos tempo gasto em codificação manual de integrações e mais foco na orquestração de sistemas complexos.
  2. Segurança e Governança Integradas: Ambos os protocolos incorporam mecanismos robustos de autenticação e autorização. Isso é vital para garantir que os sistemas de IA operem de forma segura e em conformidade com as políticas de governança de dados e acesso, um aspecto crítico para qualquer organização.
  3. Preparação para Sistemas Multiagentes: Muitas empresas já estão implementando sistemas com múltiplos agentes colaborativos, e a expectativa é que essa abordagem se torne predominante nos próximos anos. MCP e A2A são os alicerces para construir esses sistemas, garantindo que a comunicação e a colaboração entre os agentes sejam eficientes e confiáveis.

Ao investir na compreensão e implementação desses protocolos, os líderes de tecnologia não estão apenas tomando uma decisão técnica, mas uma decisão estratégica que posiciona suas organizações na vanguarda da inovação em IA. Eles são fundamentais para construir sistemas de IA que não apenas funcionam, mas que escalam, se adaptam e entregam valor de forma consistente.

MCP vs A2A

O Futuro da IA é Interoperável

A era da inteligência artificial está apenas começando, e a capacidade de construir sistemas que se comunicam e colaboram de forma eficaz será um diferencial competitivo. O Model Context Protocol (MCP) e o Agent-to-Agent Protocol (A2A) são marcos importantes nessa jornada, oferecendo as ferramentas necessárias para superar os desafios de integração e interoperabilidade.

Para profissionais e empresas que buscam liderar na era "AI-First", a adoção desses protocolos não é uma opção, mas uma necessidade. Eles representam a promessa de sistemas de IA mais inteligentes, mais flexíveis e, em última instância, mais capazes de transformar o mundo ao nosso redor. Ao abraçar o MCP e o A2A, estamos pavimentando o caminho para um futuro onde a IA não é apenas uma ferramenta, mas um parceiro colaborativo e integral em todas as facetas da inovação tecnológica.

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